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A crise e seus impactos sobre o financiamento de inovação

Pró Inovação Tecnológica na Indústria - PROTEC

A crise e seus impactos sobre o financiamento de inovação

30/03/2009

Especialistas discutem redução no investimento em P&D no Brasil por causa da crise econômica, mesmo que área seja reconhecida como eficaz geradora de valor agregado para empresas

O diretor responsável pelas áreas de planejamento, de gestão de riscos e de pesquisa e acompanhamento econômico do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), João Carlos Ferraz, garantiu, em um seminário sobre a crise atual e o financiamento à inovação promovido pelo Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE) no último mês, que todos os investimentos em inovação por parte do banco estão assegurados, apesar da crise financeira.

Mesmo com o cenário drástico, Ferraz afirmou que o Brasil ainda consegue "respirar", mas isso não significa que possa "relaxar". "Há uma maior fragilidade nas indústrias ligadas aos recursos naturais, estruturas que investem pouco em inovação", disse. De acordo com Ferraz, a retração do crédito atingirá significantemente o setor de bens duráveis, que depende desse crédito para seu desenvolvimento.

Para o engenheiro Ronald Dauscha, da Federação das Indústrias do Estado do Paraná, que trabalhou por mais de duas décadas na multinacional Siemens, "existe claramente no Brasil uma crise de crédito e temor" e houve um reflexo direto dela sobre o faturamento e o capital de giro das empresas. Só no estado de São Paulo, segundo ele, 124 mil trabalhadores foram demitidos de multinacionais no setor de tecnologia e informática no mês de janeiro deste ano e 204 mil postos desapareceram desde o início da crise em diversas áreas.

Com relação aos investimentos em P&D no País, ele acredita que há um grande risco de redução, "mesmo quando estas áreas sejam reconhecidas como eficazes geradoras de valor agregado para a empresa ou como alavancadoras de rentabilidade ou produtividade", lamentou.

Uma proposta defendida por Dauscha para esta época conturbada é não cortar orçamentos federais para a inovação. Segundo ele, a pauta do dia é dar foco, e não reduzir os fomentos. Entre outras propostas, o engenheiro sugeriu estender a subvenção aos segmentos não só estratégicos, mas também aos setores tradicionais. Além disso, propôs isenção ou redução de impostos para aquisição de equipamentos de laboratórios para empresas privadas e a capacitação técnica para pesquisadores e demais profissionais envolvidos com inovação durante o período de crise.

Os especialistas reunidos no seminário concordaram que é preciso muita paciência, perseverança e dedicação, principalmente por parte dos órgãos públicos, na gestão das políticas, e que a crise pode ser uma oportunidade para buscar novas soluções para antigos problemas.

O evento contou ainda com a presença de representantes da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT), Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal), Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores (Anprotec) e especialistas do CGEE.


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