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Estudo apresenta mapa da ciência e tecnologia no Brasil

Revista TIC Brasil

Estudo apresenta mapa da ciência e tecnologia no Brasil

23/07/2008

Fernando Rizzo, diretor do CGEE

Ao longo de seis meses o Brasil passou por uma extensa pesquisa. A organização inglesa Demos preparou um estudo para situar o Brasil em um novo mapa da ciência e da inovação. Para a elaboração contou com a parceria do Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE). O documento Brasil: A economia de conhecimento Natural faz parte do capítulo brasileiro da segunda fase do Atlas das Idéias. O projeto pretende mapear o status e as tendências em C&T em diversos países, tentando identificar possibilidades de cooperação entre o Reino Unido e centros de inovação em países emergentes. Desenvolvida em 18 meses, a primeira fase compreendeu três estudos, apresentando o estado da ciência e tecnologia na China, Índia e Coréia do Sul.

O relatório aponta que o panorama da inovação no país está mudando rapidamente. No momento, as perspectivas nesse campo são “especialmente brilhantes”. A força da inovação no País se revela nas atividades relacionadas aos recursos naturais: petróleo, ferro, agronegócio, com destaque para os biocombustíveis. De acordo com o estudo, o sistema de inovação do País é em grande parte, mas não exclusivamente, construído sobre seus recursos naturais e ambientais.


Fernando Rizzo, diretor do CGEE, explica que para o trabalho de investigação veio ao Brasil a pesquisadora e autora do relatório Kirsten Bound. “Foram feitas mais de cem entrevistas, em sete estados com pessoas da área governamental, academia e indústria”. O estudo é composto por 160 páginas, dividido em Introdução e sete capítulos: Mapeamento, Pessoas, Lugares, Empresas, Cultura, Colaboração e Prognóstico. Faz parte também um anexo com a lista de instituições visitadas.


Rizzo apontou como um dos pontos positivos a presença de um olhar externo propiciado com participação da Demos. “A visão de um observador de fora do país é muito rico. Permite, com isenção, que um determinado país seja avaliado”.


Parceria


O CGEE, explica o diretor do centro, participou das entrevistas, com sugestão de especialistas, estabeleceu os contatos, conduziu seminários, consultas intermediárias, e da redação do documento sobre o cenário da CT&I no Brasil.


Apresentação


O documento Brasil: A economia de conhecimento Natural foi lançado em Londres, com um workshop sobre o Brasil, do qual participaram Carlos Augusto Santos Neves, embaixador do Brasil na Grã Bretanha, Andrew Kahn, executivo principal da UK Trade & Investment, além de dirigentes do CGEE. O professor Luiz Horta fez uma apresentação sobre os Biocombustíveis no Brasil, assunto definido como de grande interesse durante o desenvolvimento do estudo.


Economia, ciência, tecnologia e inovação


Segundo o estudo, o caminho brasileiro contesta a idéia de que as economias baseadas no conhecimento ou em recursos naturais estão localizadas como dois extremos no espectro do desenvolvimento econômico. “No Brasil, a competência crescente em ciência e tecnologia não está separada, ou em oposição, aos recursos naturais, e sim integralmente ligada a eles”, afirma a Introdução do estudo.


Para mapear a ciência e a inovação, o relatório descreveu a economia brasileira, fez um breve balanço da história da ciência e tecnologia no país, do sistema de inovação brasileiro, com destaque às instituições federais, das leis de inovação e de incentivos fiscais, do Plano de Ação em Ciência e Tecnologia e da Política de Desenvolvimento Produtivo. O quesito financiamento foi citado, com a apresentação dos números dos gastos em pesquisa e desenvolvimento em relação ao PIB. Publicações científicas, produção das principais universidades e patentes e as áreas de pesquisa - biocombustíveis, pesquisa em biodiversidade, nanotecnologia e pesquisa em células-tronco -, também são descritos.


Recursos Humanos


Kirsten Bound mostra no estudo que é preciso aumentar a quantidade de cientistas trabalhando na indústria. Embora reconheça a importância da presença deles em grandes centros de pesquisa, o relatório sugere a necessidade de atrair os brasileiros bem qualificados que estejam trabalhando no exterior.


Desigualdade


O relatório destaca as diferenças regionais brasileiras e aponta hotspots. No Sudeste, São Paulo, Rio de Janeiro, e Minas Gerais; no Sul, Curitiba e Florianópolis; no Nordeste, Pernambuco; no Norte, Manaus. Brasília também entrou no relatório, recebendo menção especial.


Empresas


Segundo o texto, são poucas as empresas que inovam no Brasil. Para esse ‘problema’, são citados três pontos que indicam o baixo índice: o fato de a estrutura da economia ser dominada por pequenas empresas familiares; a política de substituição de importações dos anos 60-70-80; as conseqüências do período de instabilidade econômica e política.


O documento avalia de forma positiva as perspectivas para o aparecimento de mais empresas inovadoras de grande porte, as incubadoras, e o aumento da disponibilidade do capital de risco. Mas, aponta também as dificuldades para a abertura de firmas e a falta de uma cultura de empreendedorismo.


Cultura


Ao analisar a cultura brasileira, a pesquisa, baseada em informações da organização norte americana Pew Research, delineia o Brasil como conservador e sem preconceitos; preocupado com a preservação do meio ambiente; mais partidário do que contrário à globalização; de opinião favorável à ciência. A Demos destaca a diversidade étnica e cultural da população e a indica como fonte de criatividade, o que é vantajoso para a criação de inovações.


Cooperação


Baseados em dados da agência de financiamento para pesquisa dos EUA, a National Science Foundation, o relatório indica que a colaboração dos cientistas brasileiros é maior com os norte-americanos, e ligeiramente menor do que a mantida com os países da União Européia tomados em conjunto. O documento mostra as relações de cooperação entre o Brasil e os EUA, França, Alemanha, Japão, Reino Unido e União Européia.


Resultado


Fernando Rizzo acredita que a pesquisa é muito interessante, principalmente em termos de divulgação do país. Explica que todos podem ter acesso ao relatório, e assim conhecer o cenário de C&T em que o país vive. “Essa pesquisa foi bastante produtiva. O relatório vai permitir uma ampla divulgação do país e dessa vertente de inovação, que pretendemos dar uma grande visibilidade”.


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