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Livro do CGEE, com quatro estudos, mostra crescimento do ritmo de formação na área de humanas comparado a engenharia e ciências

Inovação Unicamp

Livro do CGEE, com quatro estudos, mostra crescimento do ritmo de formação na área de humanas comparado a engenharia e ciências

28/06/2010

O Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE) acaba de divulgar, no volume "Doutores 2010 — Estudo da Demografia da Base Técnico Científica Brasileira", quatro estudos sobre o assunto. Os estudos — Doutorados e doutores titulados no Brasil — 1996-2008; O emprego dos doutores brasileiros; A população de mestres e doutores no Brasil; Estrangeiros autorizados a trabalhar no Brasil — desenham um retrato dos mais qualificados profissionais brasileiros, especialmente aqueles formados entre 1996 e 2006. O trabalho foi coordenado pelo consultor legislativo para política de ciência e tecnologia do Senado Federal Eduardo Viotti, atualmente licenciado do cargo. Entre outras informações, os estudos do CGEE mostram crescimento de 278% na formação de doutores entre 1996 e 2008, com queda na participação relativa das Ciências Exatas e Engenharias; indicam que dos 87.063 doutores formados no mesmo período, 77,7% se titularam em uma universidade instalada no Sudeste; e informa que oito em cada dez doutores formados trabalham em educação ou no setor público.

O volume tem 512 páginas. Os estudos foram realizados a partir do cruzamento de dados da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), e dos ministérios da Ciência e Tecnologia, do Trabalho e Emprego e da Previdência Social. O primeiro capítulo faz uma introdução ao tema e traz um sumário executivo da pesquisa. O capítulo dois detalha os números gerais e corresponde ao primeiro estudo. O terceiro capítulo é um dos destaques: fala do emprego dos doutores formados pelas universidades, conteúdo do segundo estudo. Mostra as regiões onde trabalham e também mapeia setores econômicos em que estão empregados. O quarto capítulo mostra o perfil dos doutores em relação ao resto da população, discutindo fatores como sexo e cor, entre outros dados. O último capítulo, que corresponde ao quarto estudo, apresenta dados relacionados aos doutores estrangeiros autorizados a trabalhar no Brasil.

Onde estão trabalhando

De acordo com o estudo, os estabelecimentos cuja atividade econômica principal é educação empregavam 38.440 doutores em 2008, 76,8% do total de titulados entre 1996 e 2006 e empregados em 2008. O segundo setor que mais absorveu doutores foi o da administração pública, defesa e seguridade social (11,1% dos formados). A saúde empregava 3% dos doutores; a indústria de transformação, apenas 1,39%; atividades financeiras, 0,53% do total; indústria extrativa, 0,42%; agricultura, 0,41%; o comércio, 0,39%; informação e comunicação, 0,23%; e construção, 0,22%. A pesquisa aponta, ainda, uma mudança nesse quadro, pois o setor de educação registrou queda de dez pontos percentuais entre 1996 e 2006; e aumento de cinco pontos percentuais nos doutores absorvidos pela administração pública.

O estudo sobre o emprego dos doutores também mostra menor concentração geográfica deles, quando se observa o lugar de emprego dos formados, em comparação aos locais de formação. Dos doutores que se titularam em 1996 e trabalhavam em 2008, 68,3% estavam no Sudeste; 14,7% no Sul; 7,9% no Nordeste; 6,4% no Centro-Oeste; e 2,7% no Norte. O quadro se manteve aproximadamente o mesmo entre os doutores titulados em 2006 e trabalhando em 2008, mas a concentração diminuiu: agora, 53% dos doutores de 2006 trabalhavam no Sudeste; no grupo, subiram as participações de doutores trabalhando no Sul, para 19,2%, assim como no Nordeste (7,9%), no Centro-Oeste (9,8%), e no Norte (4,2%).

Números gerais: quantos são, onde e quem os formou

Em 1996, o Brasil formou 2.830 doutores. Dez anos depois, formaram-se 9.364; em 2008, chegou a 10.705. A pesquisa do CGEE mostra que a taxa média de crescimento no período foi de 11,9%. Todas as áreas do conhecimento apresentaram aumento no número de doutores formados, mas algumas de grande tradição tiveram crescimento menor do que a média geral. Ciências Exatas e da Terra apresentaram a menor taxa de crescimento no período (8,1%). As Biológicas e Engenharias também ficaram abaixo da média (10,2% e 10,3%, respectivamente). Em Saúde, a taxa de crescimento foi de 11,8%. Agrárias cresceram 13,5%; Humanas, 13,6%; Sociais Aplicadas, 14,8%; Línguas, Letras e Artes, 15,7%.

Com isso, a participação percentual em relação ao total de formados das grandes áreas do conhecimento mudou. A participação das Exatas caiu de 16,1% do total de doutores formados em 1996 para 10,6% em 2008. As Engenharias passaram pelo mesmo processo: de 13,7% dos formados em 1996, para 11,4%. As Biológicas representavam 13,8% dos doutores formados em 1996. Em 2008, caiu para 11,6%. Saúde caiu de 19,3% para 18,3%.

No período analisado, o número de doutores titulados por entidades públicas estaduais cresceu 170% e nas federais aumentou 416%. O de formados pelas particulares aumentou 396%, mas ainda é pouco expressivo se comparado aos formados pelas públicas. Apesar de a taxa de crescimento ser maior nas públicas federais, as estaduais formaram mais doutores. Do total de 87.063 títulos de doutor concedidos entre 1996 e 2008, 40.671 se formaram em universidades estaduais, 38.334 em federais e 8.058 em privadas.

Contudo, desde 2006 as federais estão titulando mais doutores do que os sistemas estaduais. Naquele ano, 4.401 doutores foram formados pelas universidades sob responsabilidade da União e 4.118 estavam nas estaduais. Em 2007 e 2008, a tendência se manteve, e os números indicam que as estaduais atingiram um teto máximo na formação de doutores, pois estão relativamente estabilizados — em 2007, as estaduais formaram 4.171 doutores e em 2008, 4.246, contra 4.819 doutores formados em 2007 e 5.437 titulados em 2008 pelas federais. A maioria dos formados estudou em universidade do Sudeste (67.626 dos 87.063 doutores) e em São Paulo (47.691 doutores formados no período). No Estado, USP e Unicamp são as que mais titularam doutores: 23.372 na primeira e 8.454 na segunda.

"Esses indicadores gerais referentes ao número acumulado de doutores titulados em todo o período escondem, no entanto, a ocorrência de um significativo processo de desconcentração regional. No início do período, em 1996, o grau de concentração era muito maior. Naquele ano as instituições localizadas no Sudeste foram responsáveis por 88,9% do total de doutores titulados no Brasil. Essa proporção sofreu uma queda muito significativa nos 12 anos seguintes, quando caiu quase dezenove pontos percentuais e atingiu 70,1% no ano de 2008", destaca o texto. Esse declínio se explica, segundo a pesquisa, porque a taxa de crescimento das outras regiões foi maior do que a do Sudeste.

Perfil geral

O terceiro estudo mostra que as mulheres estão deixando de ser minoria entre os doutores. Entre 1996 e 2008, 43.228 homens e 42.424 mulheres obtiveram a titulação (os pesquisadores alertam que não foi possível identificar o sexo de 1.411 doutores na base de dados estudada por eles). Desde 2004, o Brasil forma mais doutoras do que doutores. Naquele ano, foram formados 3.991 homens e 4.085 mulheres em programas de doutorado. Desde então a proporção de mulheres foi sempre maior: 50,9% dos formados em 2005 em cursos doutorados eram do sexo feminino, até chegar a 51,5% em 2008.

Os brancos continuam sendo a maioria: 84,21% dos formados em 2007. Pardos são 11,84%; negros são 2,69%; amarelos são 0,9%; e índios, 0,35%. No ano de 1998, os brancos eram 86,48% dos doutores formados; os pardos eram 9,36%; negros, 1,84%; amarelos, 1,92%; e indígenas, 0,39%.

Por fim, o estudo faz um alerta: "o Brasil encontra-se atualmente em uma janela de oportunidade demográfica que favorecerá a expansão da população na faixa etária entre 25 e 44 anos de idade até o ano de 2020. Essa população, na qual se encontra a maior parte dos estudantes de mestrado e doutorado, deverá começar a diminuir em termos absolutos a partir de então". Ou seja, a partir de 2020, diz a pesquisa do CGEE, pode-se esperar uma retração na formação de mestres e doutores, pois haverá um decréscimo no número de pessoas nessa faixa etária, justamente a que corresponde ao maior potencial de formação na pós-graduação. (J.S.)


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