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Precisamos de um programa de reindustrialização, afirma Belluzzo

Agência CT&I

Precisamos de um programa de reindustrialização, afirma Belluzzo

25/11/2013

O economista Luiz Gonzaga Belluzzo afirmou, nesta sexta-feira (22), que há pelo menos três décadas o Brasil passa por um período de desindustrialização. De acordo com ele, caso não haja uma reestruturação na economia do País, os avanços obtidos com políticas públicas de inclusão social, que tiraram milhões de brasileiros da pobreza extrema, podem não adiantar.

Especialista aponta que cultura brasileira de importar e usar tecnologia estrangeira gerou um enorme prejuízo na balança comercial.

“Conquistamos nos últimos anos um avanço social importante, mas isso está sujeito a regressão. Não conheço nenhuma experiência de um País que tenha avançado sob um ponto de vista econômico incluindo mais gente sem que tivesse taxa de crescimento compatível”, afirmou Belluzzo em sua exposição no Seminário Brasil - Ciência, Desenvolvimento e Sustentabilidade, no Rio de Janeiro.

Na avaliação de Belluzzo, a cultura brasileira de importar e usar tecnologia estrangeira gerou um enorme prejuízo na balança comercial. Para alterar o quadro, sugere o economista, é necessário estimular empresas nacionais a demandar mais recursos para pesquisa e desenvolvimento. “Se não houver inovação nas empresas, não adiantará o sistema nacional de ciência e tecnologia avançar. As universidades e os institutos de pesquisa não conseguirão transferir a tecnologia que produzem”, aponta.

Para o presidente do Centro de Gestão em Estudos Estratégicos (CGEE), Mariano Laplane, que também é economista, o Brasil se encontra em um processo de tentar construir um novo padrão de desenvolvimento nacional. O dirigente informou que o modelo deverá ser baseado em uma estratégia de sustentabilidade. Para tanto, o País deverá resolver alguns gargalos, como, por exemplo, a dependência tecnológica.

“A população agora quer boa educação, boa saúde, boa mobilidade, boa segurança. Algumas coisas podemos e já estamos oferecendo por meio de importação. Mas isso gera um desiquilíbrio macroeconômico que a longo prazo compromete a sustentabilidade deste modelo de desenvolvimento. Precisamos de uma diversificação da nossa cesta de bens e serviços do País. Temos que produzir mais bens com melhor qualidade e mais baratos”, afirma.

Laplane cita que uma área que poderia receber mais investimentos para se tornar menos dependente de importação é a de fármacos. O dirigente lembra que o Brasil tem capacidade de produzir medicamentos indispensáveis para a saúde pública, no entanto, o País precisa importar o princípio ativo, inclusive para os genéricos, gerando ônus para a economia brasileira e para o orçamento do Ministério da Saúde.

“Precisamos fortalecer nossa indústria e nossas redes de pesquisas nas universidades. Temos que nos estruturar para sermos capazes de ir além da produção e do empacotamento final de medicamentos. Temos que desenvolver moléculas, seja pela via química ou pela via tecnológica. Sem isso, não teremos como dar sustentação a longo prazo para esse modelo de desenvolvimento”, analisa.

Base

O presidente do CGEE explica que as bases para um novo padrão de desenvolvimento, que apesar de não estarem sólidas, estão sendo alicerçadas com algumas ações do governo. Laplane lembra de exemplos como a Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii) e o Ciência sem Fronteiras (CsF), como bons instrumentos para auxiliar o processo de construção do conhecimento no Brasil.


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