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Setor moveleiro ruma para formação de conglomerados

Gazeta Mercantil

Setor moveleiro ruma para formação de conglomerados

19/05/2008

Caxias do Sul (RS), 19 de Maio de 2008 - Em prazo estimado de 15 anos, a produção brasileira de móveis residenciais seriados de madeira estará concentrada em um reduzido número de imensos complexos industriais.

Em prazo estimado de 15 anos, a produção brasileira de móveis residenciais seriados de madeira estará concentrada em um reduzido número de imensos complexos industriais. Na prática, serão montadoras de móveis, nos moldes do que ocorre no setor automotivo, em função da transferência significativa de partes e conjuntos para pequenos e médios fornecedores, que atuarão como sistemistas.
Este é o cenário desenhado hoje pelos participantes do grupo de discussões criado no âmbito do Programa Estratégico Setorial Madeira-Móveis (PES), coordenado pela Associação Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), agência ligada ao Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC), informou o diretor da Associação das Indústrias de Móveis do Rio Grande do Sul (Movergs), Jorge Mattiello.
"As mudanças vão acontecer pelo amor ou pela dor. Não adianta querer fazer tudo, salas, cozinhas, estantes, dormitórios e rack, exceto os que trabalham com canal exclusivo de venda. É preciso focar na especialidade. São alterações drásticas, mas necessárias para garantir competitividade no mercado global", afirmou Mattiello. E advertiu: "Não adianta se preocupar com medidas protecionistas, porque dificilmente virão. Vamos nos preparar de outra forma. Empresas de grande porte devem ir para o mercado adotando modelo similar ao automotivo para produção", afirmou.
Atualmente existem 14,3 mil fabricantes de móveis, das quais 12,2 mil utilizam a madeira como insumo. Desse total, cerca de 7,5 mil empresas possuem até 4 empregados enquanto 5,2 mil fabricantes possuem entre 5 e 20 funcionários. O setor moveleiro faturou R$ 21,3 bilhões no ano passado, o que representa um crescimento de 12,7% em relação aos R$ 18,9 bilhões do ano anterior. As exportações somaram US$ 994,2 milhões, alta de 2,7% ante as vendas de US$ 967,8 milhões de 2006. Com isso, o Brasil responde por apenas 3,2% do mercado global, que movime4nta US$ 274,5 bilhões.
Mattiello, diretor da Madellegno Móveis, de Bento Gonçalves (RS), informou que o grupo de estudos avalia tecnologia, máquinas, equipamentos, softwares de gestão e de controle, acessórios, design, novos materiais e modelos de comércio e novos nichos de mercado vislumbrando um horizonte de 15 anos.
Plano de Desenvolvimento
Desse levantamento deverá sair os pontos de um plano estratégico de desenvolvimento da indústria moveleira no Brasil e no exterior.
Na avaliação de Mattiello, em 15 anos serão uns seis grandes grupos em condições de ir para a mídia e despertar o desejo do consumidor comprar móveis. O empresário acredita que existirão também as pequenas empresas vendendo produtos sob encomenda de uma grande marca, pagando royalties.
Mattiello participou da oficina "Rotas Tecnológicas - uma visão temporal de 15 anos", trabalho realizado pelo Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE), a pedido da ABDI. O estudo é relativamente extenso, e traz um panorama geral sobre o setor de móveis brasileiro e mundial, juntando vários estudos e fontes.
Para Antonio Valentin Verzenhassi, gerente geral da Giben do Brasil, de Curitiba, um dos principais fornecedores de máquinas para o setor moveleiro, outra mudança que vem para ficar é a personalização dos móveis. "A oferta de mais cores e novos padrões determina lotes cada vez menores para o fabricante. Por essa razão, ele precisará ser mais rápido na resposta", disse. No Brasil, disse, raras são as fábricas que possuem máquinas de corte de madeira com software para otimização do processo. "Antes essa necessidade não era fator determinante. Amanhã será", afirmou.
Outro ponto a ser levado em conta pelo setor é a elaboração de móveis que promovam a interatividade. São descritos como móveis com alma. A inspiração vem dos aparelhos eletrônicos, que já atingiram um elevado grau de interação com as pessoas. "A grande massa vai comprar produtos sem os acessórios eletrônicos por uma questão de custo, mas seguramente vai exigir design e uma certa sofisticação. Na prática seria como uma democratização do sofisticado, do design, ou do chique", afirmou Mattiello.
Canais de venda
Para o diretor da Movergs, haverá um crescimento bastante representativo para o segmento de planejados ou lojas exclusivas. "Não tem volta." Já quanto ao nicho de construtoras, que começa a incorporar móveis aos apartamentos e casas na ocasião da venda, o empresário argumenta que esta é uma tendência que vai ao encontro de uma reivindicação do setor de financiar móveis pelo sistema financeiro da habitação junto com a compra do imóvel.
Em relação ao varejo, seguramente, o de maior volume, grandes magazines e hipermercados como Colombo, Casas Bahia, Magazine Luiza, Elektra (entrando no Brasil via Nordeste), Wal Mart, Carrefour, Leroy Merlin, entre outros, manterão a disputa de massa, enquanto nomes como Tok&Stok e Etna permanecerão em um outro patamar, mais elitizado.
A venda de móveis pela internet, ainda incipiente, deverá apresentar crescimento nos próximos anos, beneficiando essencialmente fabricantes conhecidos.

(Guilherme Arruda)

Fonte: Gazeta Mercantil impressa/Caderno C - Pág. 8


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