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CGEE debate contribuição da bioenergia para implementação de acordo sobre o clima

Seminário franco-brasileiro

CGEE debate contribuição da bioenergia para implementação de acordo sobre o clima

O Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE) reuniu, nos dias 24 e 25 de outubro, em Brasília (DF), diversos especialistas e representantes do setor produtivo da França e do Brasil para debaterem como a bioenergia e os bioprodutos podem contribuir para a implementação do Acordo de Paris sobre o Clima. O seminário foi realizado em parceria com a Embaixada da França, o Ministério das Relações Exteriores (MRE), a Agência Francesa de Desenvolvimento (AFD), o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), a Associação Brasileira de Biotecnologia Industrial (ABBI) e o Pólo IAR.

O presidente do CGEE, Mariano Laplane, destacou que mudanças profundas no comércio, no regime de investimento, na tecnologia e na sociedade incorporaram centenas de milhões de consumidores e também uma enorme expansão da produção industrial e de bens e serviços: “Todas essas transformações, de uma forma ou de outra, estão relacionadas com o tema da mudança do clima”.

Para ele, os dilemas e impasses gerados por essas transformações têm uma característica econômica e exigem a construção de alianças e acordos que às vezes são demorados, como o de Paris. Esse termo foi aprovado no fim de 2015 e prevê medidas para que os países reduzam as emissões de gases de efeito estufa.

Na pauta do seminário, o potencial de exploração da biomassa celulósica, em especial as experiências brasileira e francesa no desenvolvimento do etanol de 2ª geração. “O Centro vê com muito entusiasmo a realização de eventos desse tipo. É muito positivo que o seminário tenha sido reconhecido pela Conferência das Partes (COP22, no Marrocos). Esperamos levar para todos as contribuições deste seminário”, afirmou Laplane.

Já o subsecretário do Ministério das Relações Exteriores (MRE), José Antonio Marcondes de Carvalho, apontou como setor prioritário o de transportes, que é um dos maiores emissores de gases de efeito estufa. Em sua opinião, esse setor não tem tido o mesmo peso na agenda e não tem apresentado soluções rápidas. “Uma solução para isso é utilizar combustíveis de baixo carbono”.

Ele também lembrou que por isso o Brasil lançará, na COP 22, a Plataforma para o Biofuturo, uma iniciativa internacional com potencial para impulsionar a bioenergia, focada sobretudo no setor de transportes, incluindo o bioetanol de segunda geração (E2G). A plataforma é resultado de um diálogo entre formuladores de políticas públicas, acadêmicos, setor industrial, entre outros, de diversos países.

O embaixador da França, Laurent Bili, cumprimentou a proposta ambiciosa de plataforma levada pelo Brasil para a COP22 considerando que ela completa muito bem a agenda de soluções do acordo de Paris. Ele afirmou que o setor da bioeconomia e, em particular, da valorização da biomassa, constitui uma oportunidade de cooperação com o Brasil, considerando as experiências respectivas do dois países nesse setor. Relembrou também que a França é o primeiro produtor europeu de bioetanol e o segundo consumidor. Para ilustrar, ele citou o projeto piloto de produção de E2G (Futurol), que representa um investimento mais de 70 milhões de euros.

O chefe da Divisão de Biocombustíveis do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (DBIO/BNDES), Carlos Eduardo Cavalcanti, falou sobre o apoio do banco ao setor sucroenergético, que começou a ter peso na década passada com a introdução dos carros flex no mercado. Também destacou a implementação do Plano de Apoio Conjunto à Inovação Tecnológica no Setor Sucroenergético (Paiss) que busca reestabelecer o protagonismo do Brasil nessa indústria. O plano é uma iniciativa pioneira de fomento à inovação, com o objetivo de apoiar projetos de parcerias público-privadas para pesquisa e desenvolvimento (P&D) em novas variedades de cana e em tecnologia de etanol de base celulósica e produtos químicos desenvolvidos a partir da cana.

Com esse suporte, o Brasil dispõe atualmente de duas unidades comerciais de produção de etanol celulósico, apresentadas no seminário pelas empresas GranBio e Raizen, dentre as 7 existentes no mundo. Também participaram do evento Laurent Duriez, consultor do CGEE, Christian de Gromard, da AFD. Além disso, estiveram presentes representantes do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços, assim como da Ademe, Axens, Vignis, Embrapa, CTBE, CTC, CNRS e Cirad.



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