Notícias

Voltar

Cientistas conectam os temas ODS e agricultura durante painel

Painéis CT&I - ODS

Cientistas conectam os temas ODS e agricultura durante painel

“Se hoje a agricultura é um dos tentáculos do nosso PIB, é preciso cuidar para que continue.” Essa é a avaliação do presidente da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais, Evaldo Vilela. Ele participou do painel “Nexus – Segurança hídrica, energética e alimentar” ontem (18), em Brasília (DF), uma parceria entre o Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC), e o Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE).

O painel contou com a presença de cientistas que são referência na pesquisa nacional. A temática principal do debate deu ênfase a três, dos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Agenda 2030. De forma integrada, a discussão sobre o acesso à água, alimentação e energia foi convergida para o tema agricultura.

O  membro da Academia Brasileira de Ciências (ABC), Jailson Bittencourt de Andrade, exemplificou a correlação entre os principais tópicos do painel Nexus: “Esses três sistemas se relacionam. Energia é o consumo de cerca de 20% da água doce do planeta. A parte de agricultura consome 70%. Você precisa de energia para captar água, para tratar água e para entregar água.” O cientista também ressaltou que a agricultura foi um grande ator para o crescimento da expectativa de vida no Brasil no século XX. 

Já o secretário nacional de Articulação Social da Secretaria de Governo, Henrique Villa, enxerga a integração dos objetivos da Agenda 2030 pouco reconhecida pela sociedade. “Um dos grandes desafios que nós temos com uma agenda como essa no Brasil é exatamente entender que essa é uma agenda integrada, interligada e indivisível.” Ele lembra que o cumprimento das metas é responsabilidade de toda a população. “Não precisa ser Agenda 2030. Essa é a agenda de todos nós”, afirma Villa.

Os pesquisadores também apontaram números preocupantes em relação à segurança hídrica e alimentar no Brasil. “Nós desperdiçamos 40% da água que é tratada, capturada e não é entregue”, lembra o professor Jailson. “O Brasil tem 12% da água doce do planeta. O que nós temos hoje, dados de final de 2015, 82% da população brasileira tem acesso à água potável”, indica Henrique Villa. Em termos de recursos alimentícios, o secretário demonstra ainda que quase 10% da população sofre déficit severo de proteínas.

Em contrapartida, Evaldo Vilela destacou avanços brasileiros nas questões ambientais. Ele exemplificou programas como o Livro Verde, Fórum do Futuro e o Projeto Biomas. Para o ex-presidente do Comitê de Ciência e Tecnologia da Convenção das Nações Unidas de Combate à Desertificação, Antonio Magalhães, os projetos são um “excelente trabalho”, e considera que eles devem ser “uma condição central dentro da implementação das políticas públicas do nosso país.”

A segurança energética no Brasil foi comentada principalmente pela assessora da Associação Brasileira de Energia Eólica (Abeeólica), Francine Martins Pisni. A pesquisadora realçou que a energia eólica está em segundo lugar na matriz elétrica brasileira, além de ser uma das usinas menos custosas, atrás apenas das hidrelétricas. A analista da Companhia Nacional de Abastecimento, Candice Santos, também participou do evento.

“O que a gente observou aqui é o grau de maturidade com que esses temas estão sendo tratados”, analisou o presidente do CGEE, Márcio Miranda, durante o debate. O secretário de Políticas e Programas de Pesquisa e Desenvolvimento do MCTIC, Álvaro Prata, recordou os dois painéis que antecederam o encontro em Brasília: “o primeiro tratou da biodiversidade, no estado do Pará; o segundo tratou ‘Mulheres na Ciência’, em São Paulo (SP).” Os debates fazem parte do ciclo “Painel CTI para a Sustentabilidade - CTI ODS 2030”.