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Diálogos de Competitividade

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Diálogos de Competitividade

O que o Brasil pode fazer para elevar seu patamar econômico e o que fazer para tornar nossa economia mais sofisticada? Essas foram duas das questões motivadoras do debate no primeiro encontro do ciclo “Diálogos de Competitividade”, uma iniciativa da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) em parceria com o Movimento Brasil Competitivo (MBC), o Observatório da Inovação e Competitividade da USP, e o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). A ideia é discutir a trajetória e o estado atual da economia brasileira, comparativamente a outras nações, e refletir sobre quais são os elementos para uma agenda de competitividade para o País.


O tema proposto no primeiro debate, Desempenho e Complexidade Econômica, que passa por questões macroeconômicas e de caráter amplo, teve início com apresentação dos moderadores Mário Sergio Salerno, coordenador do Observatório de Inovação e Competitividade (USP) e Roberto Alvarez, gerente de Análise e Projetos Estratégicos da ABDI. Alvarez fez uma breve análise dos indicadores econômicos do Brasil em questões como PIB, exportações, importações, participação no comércio mundial, entre outros. Esses dados foram compilados a partir de uma aplicação web denominada Decodificador de Competitividade, disponível em http://decoder.thegfcc.org/. Odecoder está implementado em fase piloto e reúne 164 indicadores, de 65 países diferentes, referentes a uma série de 12 anos.


O evento foi conduzido como uma conversa moderada, e teve como principais participantes Jorge Gerdau Johannpeter, membro do Conselho Superior do MBC, Fernanda De Negri, diretora do Ipea, Mariano Laplane, presidente do Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE), Aod Cunha, líder para o setor público do JP Morgan Brasil, Esther Dweck, chefe da Assessoria de Assuntos Econômicos do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão (MPOG) e David Kupfer, assessor da Presidência do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).


Infraestrutura e investimentos

Um dos temas de destaque no debate foi a infraestrutura no Brasil e como financiar seu desenvolvimento. Fernanda De Negri apontou que nos últimos anos o País apresentou uma cultura de menor sofisticação de sua economia e até mesmo de crescente especialização. Ela identificou que a defasagem da infraestrutura, pressionada pelo crescimento da economia, é um gargalo para a competitividade no cenário mundial.

David Kupfer argumentou que o déficit em investimento no Brasil em relação ao PIB nos últimos 35 anos é muito alto. Segundo ele, um dos desafios é criar instrumentos que permitam que o capital flua das áreas em que ele é excedente para áreas em que é escasso. “A política fiscal tem uma função vital na criação de instrumentos de financiamento do desenvolvimento”, disse.


Para Esther Dweck, existe também o desafio de atrair investidores de longo prazo para atingir os setores que precisam de financiamento: “Investimento em infraestrutura tem maior risco associado e longo prazo”, disse. “Precisamos mobilizar capitais privados para suprir a necessidade de financiamento em infraestrutura.”


Já Aod Cunha acredita ser necessário aumentar o tamanho da poupança em relação ao PIB. “Precisamos gerar mais capital. O volume de crédito gerado pelo País em relação ao tamanho dos investimentos necessários é bastante escasso.” Segundo ele, a defasagem de competitividade brasileira é muito bem diagnosticada, porém falta desenvolver o diálogo no sentido de criar uma agenda de políticas com o objetivo de contornar os problemas.


Desigualdade e qualidade de vida

Países com economias avançadas e com alto índice de crescimento, como Estados Unidos e China, tiveram um grande aumento da desigualdade social, informou Mariano Laplane. Esse é um aspecto importante da competitividade sistêmica. Em sua análise, o Brasil pode aumentar sua competitividade melhorando a igualdade de acesso a serviços públicos. “A desigualdade tem custos”, refletiu Laplane, “devemos concentrar nosso esforço para reduzir essas desigualdades”. Como exemplo, citou a segurança e a mobilidade urbana que, em maior quantidade, qualidade e distribuição territorial, propiciam ganhos evidentes de bem estar e expansão de mercados, mobilizando a sociedade e criando aspirações mais altas.


Educação e logística

Durante o debate, educação e a qualificação de mão-de-obra foram aspectos destacados como consenso em sua importância para a competitividade . “Com educação, conseguiremos facilmente patamares internacionais de produtividade de mão-de-obra”, disse Jorge Gerdau Johannpeter. Ele também ressaltou a importância da logística nos setores produtivos, do primário à manufatura, e criticou o alto peso dos impostos sobre as empresas, o que chamou de “cumulatividade de impostos”. “O aço mais barato do mundo é o brasileiro, e é também o mais caro”, disse o empresário referindo-se à diferença entre o custo de produção e o valor dos impostos. “Não quero privilégios, mas preciso de isonomia competitiva.”

Fonte: MBC



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