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Laplane destaca importância do uso das compras governamentais para o desenvolvimento regional

Desenvolvimento local

Laplane destaca importância do uso das compras governamentais para o desenvolvimento regional

O uso do poder de compra do Estado, em níveis estatais, estaduais e municipais é um instrumento importante para alavancar o desenvolvimento das economias locais. A análise foi feita no dia 10, pelo presidente do Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE), Mariano Laplane, em palestra realizada durante a 7ª Conferência Brasileira de Arranjos Produtivos Locais, realizada em Brasília (DF).

Ele acredita que o uso desse mecanismo deve ser aproveitado não apenas para promover indústrias de ponta. “Incentivar o desenvolvimento das economias locais, com a redução de desigualdades econômicas no território nacional de um país emergente, como o Brasil, também é legítimo”, afirmou.

O presidente lembrou que o uso das compras governamentais como mecanismo de promoção do desenvolvimento tecnológico e de fortalecimento da indústria nacional é utilizado em boa parte dos países emergentes e consagrado até nas grandes potências.

“Longe de ser uma prática intervencionista no livre funcionamento do mercado, esse instrumento é, assim como outros, louvado como parte de uma nova abordagem de política industrial nos documentos da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE)”, disse.

Laplane destacou que, até algum tempo atrás, a política industrial dos países desenvolvidos focava no lado da oferta, com o aumento da produção, da qualidade dos produtos e na redução dos custos. No entanto, hoje a OCDE reconhece que essa abordagem se mostrou insuficiente.

“A nova política industrial dos países desenvolvidos passou a incorporar também o lado da demanda como alavanca na produção do desenvolvimento tecnológico e da competitividade. Um dos instrumentos nesse sentido é o uso das compras governamentais”, ressaltou.

De acordo com ele, os acordos da Organização Mundial do Comércio (OMC) tornaram ineficaz o uso de medidas de proteção dos mercados internos e a defesa dos produtores locais, por meio de barreiras tarifárias de importação. “Por isso, foi preciso procurar outros instrumentos para substituir aqueles que se utilizaram anteriormente e que deixaram de ser efetivos”, afirmou.

Ainda segundo Laplane, as condições da economia mundial e a instabilidade cambial fizeram com que, de uma hora para outra, indústrias modernas, competitivas e maduras, estabelecidas em países da OCDE se tornassem incapazes de lidar com a avalanche de produtos industriais produzidos na Ásia.

Ele também analisou que, por um lado, as novas possibilidades de inovação de impacto em áreas como sistemas, energia e inteligência artificial tem um grande potencial de produção. No entanto, elas também envolvem riscos tecnológicos e de mercado.

“O risco não é apenas tecnológico, de não conseguir desenvolver a tecnologia, transformá-la em produto, em processo. Há um risco de mercado enorme. De um concorrente chegar antes ou de cercar essa novidade de patentes. Por isso, instrumentos que atuam sobre a demanda, como as compras governamentais, são utilizados para reduzir o risco de mercado aos olhos de possíveis investidores”, afirmou. 



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