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O Brasil no mundo

SEMINÁRIO PREPARATÓRIO 4ª CNCTI

O Brasil no mundo

Os esforços para reunir informações para a 4ª Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação (4ª CNCTI) continuam. O seminário “O Brasil na Nova Geografia da Ciência e Inovação Global”, realizado no dia 12 de abril no Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE) fez parte de uma série de oficinas preparatórias. Cada seminário tratou de um assunto estratégico para a Conferência - ciência básica, desenvolvimento sustentável, educação, produção do conhecimento, papel da inovação nas empresas, inclusão social - e aconteceram em diferentes agências ligadas ao Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT).

No CGEE, o presidente Finep, Luiz Fernandes, e o chefe da assessoria de Assuntos Internacionais (Assin) do MCT, José Monserrat Filho, apresentaram a sessão "Estratégias de CT&I no Plano Internacional". As outras sessões, “Inserção da CT&I nos Foros Internacionais” e “Internacionalização da Inovação Brasileira” foram conduzidas por representantes da Fiocruz, da Embrapa, do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (CIESP), do Ministério das Relações Exteriores, da Academia Brasileira de Ciências - por meio de seu presidente, Jacob Palis, do Inmetro e da Embraco.

O convidado internacional Ignacy Sachs encerrou o evento com a palestra “As Terras da Boa Esperança e as Biocivilizações do Futuro”. Sachs tornou-se uma personalidade reconhecida mundialmente no campos das ciências sociais e países em desenvolvimento. Polonês naturalizado francês, Sachs morou no Brasil na década de 1940 onde graduou-se em Economia pela extinta Faculdade de Ciências Econômicas e Políticas do Rio de Janeiro. Também esteve na Índia na década de 50, onde realizou seu doutorado na Escola de Economia da Universidade de Délhi. Hoje, Ignacy Sachs mora na França e é diretor do Centro de Pesquisas do Brasil Contemporâneo na Escola de Altos Estudos de Ciências Sociais (EHESS) em Paris (École des Hautes Études en Sciences Sociales), além de um colaborador para o desenvolvimento do Brasil atualmente.

Para Sachs, o mundo está no limiar da 3ª grande transição. A primeira, de acordo com ele, aconteceu há 12.000 anos, nos primórdios da urbanização, a segunda tomou lugar no fim do século 17, com os fósseis e o petróleo. Agora nos encontramos com a produção dos biocombustíveis e uma saída possível, segundo o cientista, é o uso múltiplo dos recursos renováveis, chegando a outras alternativas como a produção de biocimbustível a partir das algas do oceano. “Se este for o caminho, o Brasil é um global player pela diversidade de biomas, climas, terras e águas, além de uma pesquisa estruturada”, explicou.

No entanto, o cientista colocou que os desafios não são apenas relacionados à biosfera, mas com o convívio social, e esse é, de acordo com ele, o conceito de biocivilização. “É preciso atacar as mudanças climáticas e as desigualdades sociais simultaneamente”, avalia.

Cooperação Brasil - Índia
Sachs enfatizou a importância da formação de biocivilizações que caminharão para a redefinição da geografia mundial e cita o Brasil e a Índia como os países que mais têm a oferecer nesse aspecto. Sachs acredita que a cooperação entre os dois países poderá também incluir a África e assim fortalecer a cooperação Sul-Sul.

Durante a palestra, Ignacy Sachs falou sobre as vantagens comparativas do Brasil e da Índia em relação a outros atores mundiais, acrescentando que os brasileiros não devem se deixar levar pelo ufanismo, e sim trabalhar para que as vantagens do país tenham utilidade. “O Brasil precisa começar a reconstruir a capacidade de planejar a longo prazo”, disse. “Para avançar nessa direção é preciso existir um estado desenvolvimentista atuante”.

O seminário contou com um público diversificado de especialistas interessados no tema, entre eles três visitantes de Moçambique que estão em Brasília a serviço de um programa do Ministério das Relações Exteriores (MRE). O evento também foi assistido via web por mais de 1.000 pessoas que acessaram a transmissão ao vivo pelo site do CGEE e pelo Portal da 4ª CNCTI.



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