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Pesquisa mostra o que os jovens brasileiros pensam sobre ciência, tecnologia e inovação

Percepção da C&T

Pesquisa mostra o que os jovens brasileiros pensam sobre ciência, tecnologia e inovação

Os jovens se interessam por temas de ciência e tecnologia? Em quem mais confiam como fonte de informação? Reconhecem riscos e benefícios da ciência? Gostariam de seguir tal carreira? Essas são algumas perguntas que orientaram a surveynacional O que os jovens brasileiros pensam sobre ciência, tecnologia e inovação, iniciativa do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Comunicação Pública da Ciência e Tecnologia (INCT-CPCT). O trabalho, que envolveu também etapas cognitiva e qualitativa, é pioneiro: pela primeira vez, uma surveybrasileira tem como foco os jovens e suas opiniões e atitudes sobre ciência e tecnologia. Os resultados serão apresentados no próximo dia 24, segunda-feira, na Fiocruz/RJ. Os assessores técnicos do Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE), Adriana Badaró e Marcelo Paiva, acompanharam o evento.

“Apesar da grande importância de entender como os jovens interagem e engajam com temas de ciência e tecnologia, ainda há poucos estudos nessa direção no Brasil”, afirma Luisa Massarani, líder do INCT-CPCT e uma das coordenadoras do trabalho de pesquisa. “Nosso objetivo com este estudo, que inclui surveyde caráter nacional e grupos focais, é justamente trazer luzes para esta questão, o que pode gerar subsídios para desenhar políticas públicas e iniciativas de divulgação científica destinada aos jovens”, completa.

O evento contará com a presença de especialistas na área da percepção pública sobre ciência e tecnologia do Brasil, da Argentina e dos Estados Unidos. Além da apresentação dos resultados da survey, serão discutidas as contribuições mais recentes do campo e possibilidades de uso dos dados gerados. Não é necessário realizar inscrição prévia para participar. A programação completa, assim como informações sobre os palestrantes, pode ser acessada em http://museudavida.fiocruz.br/index.php/noticias/1233-o-que-os-jovens-brasileiros-pensam-da-ciencia-e-tecnologia

Principais resultados

Além de opiniões e atitudes sobre ciência e tecnologia, a surveydo INCT-CPCT mensurou, pela primeira vez, acesso ao conhecimento, desinformação e percepção sobre fake news. Além disso, buscou-se medir a influência das trajetórias de vida e do posicionamento moral e político dos jovens sobre as atitudes relacionadas à C&T.

Foram ouvidas duas mil pessoas com idade entre 15 e 24 anos, residentes em todas as regiões do Brasil. Para seleção dos entrevistados, foi utilizada amostra probabilística até o penúltimo estágio, com aplicação de cotas amostrais de sexo, idade e escolaridade no último estágio. O intervalo de confiança é de 95%. As entrevistas, realizadas por equipe treinada, foram feitas em domicílio entre os meses de março e abril de 2019.

Dentre os resultados, é possível destacar:

- A maioria dos jovens brasileiros manifesta grande interesse para temas de ciência e tecnologia, tanto as mulheres quanto os homens, e em quase todos os grupos sociais; o interesse por C&T, em geral, é maior que o por esportes, e comparável com o interesse por religião.

- Os jovens possuem, em geral, uma imagem positiva da figura do cientista e, em sua maioria, acreditam que homens e mulheres têm a mesma capacidade para ser cientista, e devem ter as mesmas oportunidades;

- Entretanto, a maioria dos jovens, até mesmo os que estão frequentando cursos superiores, não consegue mencionar o nome de sequer uma instituição brasileira que faça pesquisa, nem de algum(a) cientista brasileiro(a)

- Os jovens manifestam dúvidas também sobre controvérsias sociais e políticas que atravessam a ciência, hoje: 25% acreditam que vacinar as crianças pode ser perigoso; 54% concordam que os cientistas possam estar “exagerando” sobre os efeitos das mudanças climáticas; 40% dos jovens dizem não concordar com a afirmação de que os seres humanos evoluíram ao longo do tempo e descendem de outros animais.

Grupos focais

 Em paralelo à realização da survey, foram conduzidos grupos focais com jovens entre 18 e 24 anos, residentes nas cidades do Rio de Janeiro (RJ) e Belém (PA). A técnica de grupos focais foi selecionada para o estudo por permitir captar não apenas o queas pessoas pensam e expressam, mas também comoelas pensam e o porquê. Um dos aspectos analisados foi a forma como os jovens lidam com as fake news, ou notícias falsas, em especial aquelas relacionadas à ciência e tecnologia.

Dentre os resultados, é possível destacar:

- O estudo sinaliza uma mudança no ecossistema de informações. A informação deixa de ser “buscada” e passa a ser “encontrada”; os jovens passam a “tropeçar” em vários conteúdos e a C&T está inserida em tal cenário.

- Os jovens reclamam da dificuldade em identificar a veracidade das informaçõesque circulam tanto na grande mídia como na internet. Relatam angústia e insegurança em relação ao que acontece no mundo: é cada vez mais difícil identificar o que é verdadeiro.

- Não surpreendentemente, nossos dados mostram que a percepção de receber possíveis notícias falsas em C&T é maior entre jovens mais engajados politicamente, de maior escolaridade, e que consomem mais frequentemente informação científica.

- A confiança em conseguir identificar notícias falsas depende fortemente do grau de consumo de informação científica e dos hábitos culturais(visitação a museus, participação em eventos etc.)

 

Fonte: Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Comunicação Pública da Ciência e Tecnologia (INCT-CPCT).