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Realizado o 3º webinar do projeto Energy Big Push 2.0

EBP 2.0

Realizado o 3º webinar do projeto Energy Big Push 2.0

“Como impulsionar a inovação para acelerar uma transição energética inclusiva e sustentável?” foi o tema do 3º webinar do projeto Energy Big Push 2.0 (EBP 2.0), que ocorreu no dia 10 de março. O evento foi organizado pelo Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE) na plataforma Zoom Webinars e teve como principais objetivos: apresentar o projeto e o novo módulo de patentes da plataforma Inova-e a representantes ministeriais e a novas equipes; discutir a importância do desenvolvimento de um protótipo digital para conexão entre provedores e demandantes de Soluções Energéticas Sustentáveis; e discutir os resultados obtidos para a construção de estratégias e políticas de inovação em energia.

O diretor-presidente do Centro, Fernando Rizzo, realizou a abertura do evento destacando o papel do CGEE no Sistema Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação. Ele lembrou que a instituição tem atuado em diversos setores e que, no ano passado, a organização trabalhou com cerca de 30 projetos."Temos contribuído com diversos estudos, em várias áreas. Uma em que temos uma participação significativa é a de energias renováveis, mudança de clima, energia sustentável e outras", afirmou

Em seguida, a oficial de assuntos econômicos da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal), Camila Gramkow, apresentou a programação e contou sobre a trajetória do EBP e os parceiros envolvidos. "Essa é uma área frutífera e dinâmica, em expansão e que sempre requer atualizações e extensões. Nessa fase, continuaremos trabalhando na expansão da plataforma Inova-e; incluiremos outros dados de inovação para além da Pesquisa, Desenvolvimento e Demonstração (PD&D); vamos desenvolver outros indicadores; e trabalharemos no segundo eixo nessa fase, que é o fortalecimento da conexão universidade-empresa", disse.

As assessoras técnicas do CGEE, Barbara Bressan e Daniella Fartes, deram continuidade à apresentação de Gramkow. Bressan falou sobre a estrutura do EBP 2.0 e afirmou que, atualmente, a plataforma Inova-e possui dados de pesquisa e desenvolvimento das 7 agências e instituições que mais fomentam energia no país. São elas: o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES); a Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN); o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq); a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp); a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel); a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep); e a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).

Fartes, por sua vez, abordou as etapas do segundo eixo do projeto, cuja terceira etapa consiste em desenvolver um protótipo digital para conexão entre provedores e demandantes de Soluções Energéticas Sustentáveis. "Agora estamos na parte de desenvolver esse protótipo. O objetivo deste ano é chegar nesse protótipo, mas temos, em paralelo com esse eixo, o desenvolvimento de um mapeamento desses provedores e demandantes, um conjunto de dados que podemos já colocar no protótipo. A ideia é que ele seja navegável e testável", afirmou.

A analista de pesquisa energética da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Camila Ferraz, foi a moderadora da mesa redonda com especialistas. Ela apresentou as palestrantes, comentou suas falas e fez considerações ressaltando a importância de inovação para a transição energética no mundo e no Brasil. “Estudos recentes da Agência Internacional de Energia (IEA), e aí estou falando do Energy Technology Perspectives e outras publicações que vieram depois, mostram que mais de ⅓ da redução das emissões necessárias para levar o mundo para uma trajetória sustentável advém de tecnologias que ainda não estão prontas”, informou, antes de dar início ao debate.

A primeira painelista e diretora do Departamento de Transição Energética do Ministério de Minas e Energia (MME), Mariana Espécie, disse que enxerga um grande valor no esforço do EBP de compilar, organizar e sistematizar uma base de dados, hoje consolidada no âmbito da Inova-e. De acordo com ela, vários relatórios da IEA têm apontado que a maior parte das tecnologias para fomentar a transição energética já existem e têm algum nível de aprimoramento institucional e tecnológico.

"No entanto, faltam, ainda, esforços de investimento para que essas tecnologias ganhem escala comercial. Portanto, ter esse refinamento na plataforma Inova-e vai ajudar muito a entender de que forma nós aqui no Brasil temos atuado e direcionado os nossos recursos para essas frentes. Além disso, não poderia deixar de comentar sobre o quanto essa nova fase vai contribuir para mergulhar ainda mais nessas discussões em torno da transição energética no país", destacou.

Depois foi a vez da diretora da Aneel, Agnes da Costa. Ela afirmou que acha extremamente importante ter um olhar voltado a diferentes indicadores e à granularidade dos dados disponibilizados. A dirigente lembrou que o Brasil recepcionará, no ano que vem, o evento do Mission Innovation e do Clean Energy Ministerial.

"No final do ano passado, entrei no steering committee (comitê de direção) do Mission Innovation justamente para poder ajudar a steer (direcionar). Por isso, é importante que o Brasil possa mostrar aquilo que falta em inovação, com base em tudo que tem sido gerado de conhecimento aqui no país. Olhando o que estamos falando de rotas tecnológicas, talvez muito diferentes de uma narrativa centrada em países desenvolvidos, é muito importante ter essa consciência e usar esses dados e esse espaço para ajudar a direcionar essas narrativas em foro internacional. Isso é nossa responsabilidade”, afirmou.

A chefe da Divisão de Estudos e Projetos do Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI), Cristina D’Urso, explicou o funcionamento do sistema de patentes e também trouxe exemplos de como utilizar as informações para políticas públicas no setor de energia. Ela abordou os seguintes tópicos: análise de todos os documentos de patentes que estão depositados no mundo inteiro; análise do que está sendo depositado no Brasil; e análise da produção brasileira.

"Uma coisa que eu queria falar é que a gente pode ver se um setor é altamente protegido. Isso é uma coisa que todo mundo tem que fazer antes de qualquer projeto de pesquisa e desenvolvimento, ver se ela não é objeto de uma patente no Brasil, para saber se não está infringindo nenhum direito. Essa é uma parte muito importante", ressaltou.

A pesquisadora e coordenadora do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Fernanda de Negri, falou sobre a inclusão para a transição energética e os diversos desafios envolvidos na implementação de políticas públicas que passam por requalificação e criação de capacidade tecnológica, institucional, humana e de infraestrutura da ciência e tecnologia (C&T) no Brasil e, principalmente, por uma visão estratégica integrada de longo prazo para os investimentos em C&T para a transição energética no país.

“Aumentar os investimentos públicos é uma condição necessária, mas ela não é suficiente. Precisamos ampliar os investimentos públicos, mas é necessário saber para onde queremos ir. Acho que a transição energética talvez seja a coisa mais consensual entre os especialistas em políticas de ciência e tecnologia no país. Todo mundo sempre fala em transição energética, porque as mudanças climáticas são o grande desafio da humanidade hoje e é um desafio para o qual o Brasil pode sim contribuir de maneira significativa", afirmou.

Para concluir, o diretor da Cepal, Carlos Mussi, agradeceu a participação das painelistas e a colaboração de outras pessoas envolvidas no projeto e nos trabalhos, incluindo a equipe do CGEE. Ele discorreu sobre a importância da iniciativa e os desafios enfrentados.

"Talvez o salto principal que nós temos que fazer, não somente na área de ciência e tecnologia, mas em outras áreas, é aproximar as universidades das empresas, promover a inovação e novas patentes. Então, é um desafio que já acontece há várias décadas de como aproximar a universidade brasileira para a inovação. Creio que isso é importante e é algo que o CGEE tem feito bastante no seu histórico de atividades. A Cepal tem todo o interesse em continuar esse apoio ao Energy Big Push, porque não só traz a transição tecnológica, mas também a discussão de como fazer uma transição justa".

A gravação do webinar está disponível no canal do YouTube do CGEE. Acesse-a por este link.


Sobre o EBP 2.0

O EBP 2.0 é uma iniciativa no âmbito do Diálogo entre o Programa Euroclima+ e o Brasil. Foi aprovada a Ação Priorizada 3 “Energy Big Push 2.0 - Impulsionando a inovação para a transição energética sustentável no Brasil”, executada pelo CGEE, em parceria com a EPE e implementada pela Cepal e pela Cooperação Técnica Alemã (GIZ). O seu objetivo é promover mais e melhores investimentos em energia sustentável no Brasil, com foco em inovação, por meio do fornecimento de informação estratégica e conhecimento em ciência, tecnologia e inovação.

O projeto já produziu diversos estudos e lançou uma plataforma online, denominada Inova-e, que dispõe de um painel de dados nacionais de inovação em energia. Acesse-a clicando aqui.

Informações sobre os projetos da iniciativa e os seus resultados estão disponíveis, neste link.