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Visão de futuro: alimentos

Palestra

Visão de futuro: alimentos

Especialistas do Instituto para o Futuro (IFTF), de Palo Alto, na Califórnia, falaram no dia 12 de novembro a funcionários e convidados do CGEE sobre os forecasts e cenários para o setor de alimentos. O Instituto foi fundado em 1968 e utiliza diversas metodologias, como mapeamentos, estudos de campo (técnicas etnográficas), oficinas e entrevistas com especialistas; desenvolvimento de cenários, consultas estruturadas, elaboração de protótipos e a colaboração de parceiros e stakeholders por meio da criação de jogos interativos.

Segundo David Harris, sociólogo da IFTF, no projeto do instituto Ten-Year-Forecast algumas tendências vêm se mostrando, como as novas formas de encontros com as tecnologias sociais; a instabilidade dos executivos; a participação colaborativa e a valorização de diferentes atributos que não sejam só os financeiros. Harris citou o exemplo do último filme do Guerra nas Estrelas, onde parte da equipe trabalhou sem pagamento por se importar com outros valores ao participar do projeto. "Há também restaurantes, como o Karma Kitchen (http://www.karmakitchen.org/), que os clientes pagam o que pensam que vale a comida, e não o que ela realmente custaria", acrescenta.

Além destas, outras tendências apontam para que todos sejam especialistas em tudo - ou todos são especialistas em alguma coisa; para que a realização de inovação local tenha mais valor do que as iniciativas globais; e para cada vez mais projetos de crowdsourcing (conhecimento coletivo compartilhado) e para a aplicação do socialstructing (participação social).

Ao falar especificamente da situação dos alimentos na China, Benjamim Hamamoto destacou a preocupação do país com a qualidade da comida. "Na pesquisa de campo ouvi dos chineses que o mais caro não necessariamente é o melhor, mas certamente o mais barato não será", destacou o especialista. Outra preocupação dos chineses é com a questão da regulamentação e a busca por alcançar padrões globais de qualidade. Como medidas, a população tem acesso a testes domésticos para os alimentos (in-house testing) e o governo tenta estimular a transparência em toda a cadeia - para evitar o medo do consumo, além de expandir o acesso à comida de qualidade. De acordo com Hamamoto, no futuro próximo, a lacuna entre conveniência e qualidade na China será fechada.

Nos Estados Unidos também há inquietação relacionada à segurança alimentar e transparência. "A transparência gera uma rede de regulamentação participativa, como o engaged eating (transparência sobre as escolhas) e o engaged disposal (fotografar o próprio lixo e publicar em redes sociais)", avalia Bradley Kreit em sua apresentação.

Já no Brasil, segundo o estudo da IFTF, há o crescimento do chamado "ecopatriotismo culinário" e a comida brasileira está ganhando status de gourmet. "Os restaurantes investem nas comidas locais "repaginadas" e a importação vai perder o monopólio nessa área gourmet e de luxo", destacou David Harris. De acordo com ele, a classe média emergente traz novos valores e beleza, saúde e comida vão andar juntos. Segundo o estudo, aqui os jovens se tornarão os especialistas de comida nas suas famílias e começarão a modificar as dietas alimentares. Além disso, devido ao aumento do poder aquisitivo da população, os varejistas tendem a experimentar formas de atingir novos mercados. Harris cita o exemplo da Nestlé, que criou um "barco-supermercado" para atingir os clientes da Amazônia.

O CGEE desenvolve atualmente o projeto “Sustentação e Sustentabilidade da produção de alimentos ‐ o papel do Brasil no cenário global”, em parceria com a Embrapa/CECAT. A visita dos especialistas do IFTF serviu também para intercambiar informações e metodologias utilizadas para foresight e cenários.



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